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O que andava o criador de Amélie a fazer 10 anos antes do filme que o lançou verdadeiramente para o
mainstream? Um conto a puxar para a comédia (inspirado em Terry Gilliam), sobre senhorios e inquilinos canibais num futuro pós apocalíptico em que parece não haver abundância de alimentos para carnívoros e omnívoros (ou, simplesmente, CARNE! como diria o
Justino Figueiredo – aliás, a partir daqui tenho que fazer um post à parte).
O filme vê-se muito bem (descamba um bocado para o final, mas, como não é muito grande, nem se nota). Embora a premissa seja fora do vulgar, o mais interessante não é a história. Jeunet é um realizador que constrói filmes visualmente muito porreiros. E, tal como em
Amélie, as personagens secundárias são também muito cativantes: a mulher suicida a quem correm sempre mal os planos está simplesmente genial.
Recomendo, para quem quer ver uma coisa diferente, o que, tendo em conta que o filme já tem 15 anos, me surpreendeu bastante. Deixou-me muito curioso para ver o trabalho seguinte: a Cidade das Crianças Perdidas (que ainda só tive oportunidade de conhecer através do jogo de computador).
Só uma nota: o filme é da autoria de duas pessoas:
Jean-Pierre Jeunet - que depois avançou para
Amélie e
Alien Ressurection) e
Marc Caro – que fez sucesso em curtas metragens, animações e anúncios. Já trabalhavam em colaboração 16 anos antes de realizarem esta pequena pérola.
As ligações do costume:
Imdb. A primeira crítica do
Washington Post que coloco aqui.
Site oficial do realizador.