25 dezembro 2005

Kong! Kong!


Estava um bocado apreensivo antes de ir ver este filme. Tinha revisto em DVD o original há pouco tempo (só me faltou o remake de 1976). Embora goste muito dos filmes do Peter Jackson, havia algo neste remake que me parecia desnecessário. O Senhor dos Anéis (LOTR) foi território novo na história do cinema e os filmes são “pequenas” obras-primas (Há quem diga, vá lá perceber-se porquê, que sou um bocado nerd em relação à trilogia Senhor dos Anéis).

Achava o remake desnecessário porque, mesmo hoje, o filme de 1933 funciona bem: é a prova que os efeitos especiais, embora ingénuos, são perfeitamente eficientes. Estava convicto que este filme ia deixar muito a desejar em termos de história e personagens: para quê arranjar o que não está estragado, e transformar um filme de 90 minutos num épico de 3 horas?

Ainda bem que as minhas convicções não corresponderam à realidade. O filme é um diamante em bruto – bastava ter sido lapidado um bocado, assim uns trinta minutos na viagem de barco e nas cenas com os animais na ilha – que teria sido praticamente perfeito. Apesar deste problema com a montagem, acho que foi um filme bem pensado e que a equipa realizador – argumentista – actores funcionou muito bem (para não falar nos efeitos especiais, na decoração, etc. etc.). E é, sem dúvidas, um filme ao nível do mesmo Peter Jackson que realizou os filmes série “B” (“Z?”) e do LOTR.

Acho que em relação aos actores apenas Naomi Watts e Andy Serkis se destacam. A heroína neste filme cria uma empatia muito maior com o gorila e, na minha modesta opinião, são estas cenas a dois que conseguem criar os grandes momentos.
Estamos perante uma dama que faz mais do que gritar e que tenta ajudar realmente o herói incompreendido. Andy, que provavelmente o conheceram como o Gollum em o “Senhor dos Anéis”, encarna a personagem principal e o cozinheiro do barco. Ambos devem ser recordados - o cozinheiro tem a despedidas MAIS NOJENTA do filme e o Kong está fantástico (Gollum foi destronado). Mal posso esperar que saia o DVD para ver os making ofs e material extra (perfeito seria uma versão mais curta no cinema e expandida no DVD, mas enfim).

O pessoal crítico profissional americano concorda comigo. Já o Português tem sido mais somítico. Vá lá perceber-se porquê:
Imdb – ponto de partida para tudo;
ScreenIt – Concordo em parte com eles, mas também este crítico é difícil de agradar.
Cinema2000 – O João Lopes estava mal disposto.
Robert Ebert – Cuidado com as críticas dele – é melhor ler depois de ver o filme por causa dos spoilers.

16 dezembro 2005

83% happy


Ando um bocado ocupado, daí a falta de actualização deste pequeno espaço. No entanto não resisto a colocar a link para este artigo: cientistas holandeses chegaram à conclusão que a Mona Lisa está 83% contente --- lindo... (claro que isto não foi um estudo sério, mas sim a demonstração de uma nova tecnologia).

05 dezembro 2005

Museu Nacional de Arte Antiga

Hoje fui ao Museu Nacional de Arte Antiga. Quando estava para comprar bilhete (com desconto cartão jovem claro está) apercebi-me que me tinha esquecido da carteira. Depois de regressar a casa (de Santos a Sete-Rios vai-se num instante pelo eixo Norte-Sul) decidimos seguir em frente com o Domingo cultural e regressámos outra vez ao museu.

Não podia ter corrido melhor, quando estamos a entrar está a começar a visita guiada que o museu oferece no primeiro domingo de cada mês (excepto se o ano novo coincidir com um Domingo). A guia foi impecável e transformou uma visita banal - aos presépios em barro e observação em detalhe de alguns quadros que representavam diversos momentos da família de Cristo - em algo de especial, cheio de pormenores porreiros.

Por exemplo, compararem a primeira imagem com esta aqui à direita, onde está representado o momento da Anunciação (onde o arcanjo Gabriel informa que Maria foi escolhida por Deus para dar luz a Jesus). Há muitas semelhanças (do que me lembro acho que são datadas mais ou menos na mesma altura - Renascimento - daí os motivos serem parecidos). Passo a citar os pontos de interesse que aprendi com a guia de hoje à tarde:

1) Maria está assente num tapete e não num chão (não está em contacto com o chão como os comuns dos mortais e essa separação é retratada desta forma)
2) Existe uma jarra com lírios do lado direito que representa a pureza e virgindade
3) A coluna avermelhada que separa o exterior do quarto onde a cena principal está representada, de material tipo âmbar(? - acho eu agora já não tenho a certeza, mas tinha algum significado especial que não me estou a lembrar)
4) A pomba branca que representa o Espírito Santo.
5) A cor do vestido que, independemente da origem do quadro, é sempre azul.
6) A perspectiva do primeiro quadro - Maria no centro em relação ao que é mostrado do quarto, mas como aparecem os anjos tocadores do lado direito, parece que está meio deslocada - assim Gabriel aparece no meio.
7) Existe um quadro dentro de um quadro na primeira imagem - Maria reza em frente a uma representação de Moisés (foi o que me venderam, não consegui confirmar :)

(...) entre tantos outros. Gostei muito e deve ser realmente porreiro saber tanto sobre estas obras de arte. Assim é muito mais interessante.

Como se isto não chegasse, tomem lá mais 5 bons motivos para visitar o museu (de um jornal brasileiro!). Eu volto lá no dia 6 de Fevereiro.

04 dezembro 2005

Torre de Belém


Ontem fui lá. Tive sorte de não apanhar chuva e ainda deu para arranjar uns novos wallpapers porreiros. Carreguem no link do título para um momento cultural.

03 dezembro 2005

Filmes sobre teenagers (versão feminina)

Recentemente vi dois filmes sobre miúdas quando atingem aquela idade terrível (vocês sabem do que eu estou a falar!). Um sobre a realidade sueca de ser teenager numa cidade pequena em 1998 – “Fucking Åmål” (ignorem o título sugestivo, Åmål é uma cidade…) – e o outro, nomeado para os Óscares e tudo, de 2003 – “Thirteen”. Como as temáticas são relativamente parecidas não consegui deixar de comparar os dois filmes. O filme sueco ganha, sem qualquer tipo dúvida!

Porquê? As personagens são mais interessantes, o que vemos não é o mainstream americano e a história está melhor conseguida (é também GirlFriend Friendly). Há quem concorde comigo (até gosto de ler o que o Robert Ebert escreve. O homem tem sentido de humor e sabe que os gostos pelos filmes são relativos, embora escreva as suas críticas com demasiados detalhes... tem alguns spoilers).

Isto não quer dizer que o “Thirteen” seja mau. Acho-o sobrevalorizado (críticas aqui – ScreenIt, neste dia deu para o crítico de serviço ser simpático - e aqui – outra vez do Robert Ebert). A direcção, tipo documentário, é competente e a Holly Hunter e actrizes principais estão bem. No entanto, não simpatizei particularmente com nenhuma das personagens (meio caminho andado para não gostar do filme). Achei-o também exagerado e uma semi-imitação dos filmes do Larry Clark (realizador do “Ken Park e “Kids”). A onda not feel-good movie não funcionou comigo – eh pah, não sei explicar porquê, o filme não me cativou. Outros conseguiram.